30 de jun. de 2009



Felix inaugura o Salazar

Já não existe Lourenço Marques. Hoje existe Maputo. Mas, no dia 30 de junho de 1968, Brasil e Portugal jogaram em Lourenço Marques. Um encontro de língua portuguesa na antiga colônia portuguesa de Moçambique.

Na França, De Gaulle derrotava a esquerda pós-maio. Porque era proibido proibir. De Gaulle que amava a França sobre todas as coisas, a ponto de libertar a Argélia. Faltava um De Gaulle no Brasil. Talvez porque o Brasil não era um país sério. Uma frase equivocadamente atribuída ao General francês. General com afazeres mais sérios a fazer do que sair por aí criando frases.

Mas o Brasil era um país sério no futebol e no samba. A derrota de 66 deveria ser devolvida. Caso de segurança nacional. Pois lá foram as feras jogarem na terra de Eusébio, na inauguração do Estadio Salazar.

Olha só o nome do estádio, meus amigos: Salazar.

Curiosidade. Pelé e Eusébio não deram as caras.

O Brasil tinha Felix; Carlos Alberto, Brito, Joel e Rildo; Gerson, Rivelino e Tostão; Natal, Jairzinho e Edu. Sete titulares de 70. Portugal vinha com Américo; Cruz, Armando, Zé Carlos e Hilário; Pavão, Pedras e Coluna; José Augusto, Jaime Graça e Perez. Perez que depois jogaria no Sport Clube Recife. Perez que trocou pontapés com Rivelino no final do primeiro tempo. Primeiro tempo terminado em 0 x 0, por causa de Felix, defendendo espetacularmente um pênalti cobrado por José Augusto.

No segundo tempo, pura malandragem. Falta na entrada da área. O goleiro Américo se distrai armando a barreira. E Rivelino toca por cobertura:

Brasil 1 x 0.

No final da partida, o Papagaio aprontou. Portugal atacava. Gerson pegou a bola e fez um lançamento de quarenta metros. Nos pés de Natal. O cruzamento do ponta mineiro achou Jairzinho livre:

Brasil 2 x 0.

O país do futebol estava vingado.

Enquanto isso, no interior de Moçambique a FRELIMO atacava...

De Gaulle e Marta Vasconcelos

NOTA: O Estádio Salazar, orgulho dos ferroportuários moçambicanos.

Transformou-se no Estádio Machava, nome da região onde foi construído.

A construção teve início no dia 29 de junho de 1963.

A inauguração ocorreu exatos cinco anos depois, com as seleções de Brasil e Portugal em campo.

Infelizmente, a Revolução e a Independência relegaram a obra ao descaso.

Mudaram o nome do Estádio e o deixaram ao relento.

Pois é. Moçambique não merecia.

Nem Salazar.

Nem FRELIMO.


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